Sobe aí
E o gajo naquela, todo desgadelhado, parecia que tinha comichão, e põe-se com uma conversa do tipo, Eu não sei, eu não gosto de andar na rua, e ser visto e tal... que está ali a falar comigo e que nem sabe.
É pá, meu, disse eu, esquece isso.
Se estás aqui sobe aí.
Entretanto todos os meus vizinhos tinham vindo à janela que dá para o pátio interior, o meu vizinho do lado tem uma cultura de couves em suspensão e sem solo. Brilhante. Mas o Jorge é que já estava meio passado com aquilo e aposto que a pensar, Eu um grande artista aqui no meio das couves.
Evidentemente ofereci um chá ou uma cerveja que era o que tinha. Mentira porque também tinha vinho e espumante e uma série fixe de licores. Mas com a história da cerveja ou chá não só não me destacava demasiado das couves como me apresentava.
Mas em relação a quê?
O Jorge a olhar para mim com uma cara. Aquela cara que me fez lembrar de tudo.
Foda-se Jorge, estava mesmo a pensar em como é que é possível uma situação destas. O pessoal anda todo maluco. E em tempos eu pensava que era da água mas agora já nem sei.
Não será do vento? Ainda ontem estava a pensar nessa história do vento.
E, enfim. Aqui comecei a soluçar porque já me tinha esquecido outra vez qual era realmente a conversa. Ainda disfarcei, O mal... disto tudo... é... a sociedade.
Foda-se mén. Antes que me esqueça:
Não achas estranho que um gajo se conheça há vinte minutos e me estejas a perguntar se dá para irmos tomar um banho?
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